Espírito rasgado e a transmutação do cervo iluminado.

Espírito rasgado e a transmutação do cervo iluminado.

A vida me rasgou por inteiro como jamais ocorreu antes.

Eu estou tentando, eu juro…

Não fazes ideia de quanto está sendo difícil espremer estas palavras mediantes a anos sem relatar tudo que venho sofrendo.

Eu sei que isto aqui está uma porcaria e não prezo por qualidade pois sei que estou incapacitado de obtê-la na precisão que prezo pois minha mente está atordoada e como citei meu espírito está rasgado, busco migalhas de gratidão em um pobre tolo ignorante sem brio que sou.

Tornei-me um fanático das causas perdidas ou seria eu fracassado boxeador com as luvas em chamas contra o demônio do caos?

Meu coração dilacerado sangra e sangra e sangra e tudo que escrevi no passado parece que está apagado.

Estou no ostracismo da matéria.

SOU A LÁGRIMA DA DESGRAÇA, A LÁSTIMA DE UM CRISTAL QUEBRADO.

A finitude da pequenez da racionalidade fria e frívola.

Minha alma está em um frigidário em futuro esquecido jamais imaginado, jamais concebido, jamais, jamais acreditado.

O ostracismo da minha ausência literária esfaqueia diariamente minha sanidade, minha mente, minha busca, minha promessa.

O absurdo das incongruências que vivi e tolerei, lutei e lutei e esfacelou minha sanidade, minha saúde mental e minha felicidade, hoje são cores mortas em um jardim incinerado.

Não existe glória alguma nisso aqui, não busco nada nisso aqui além de tentar exercer esta facultativa questão.

Poucos pilares sustentam meu coração quase morto que pulsa pela gratidão de acordar e agraciar minha vida com o olhar de amor aos meus filhos e na exaustiva batalha pela saúde daqueles que mais prezo em minha terrena existência precária.

Não há  mais poesia nisso, apenas fractais quebrados, sangue derramado, dor na cabeça, relógio quebrado, congelado em um futuro perdido e pintado com as cores da consequência em um caótico prelúdio novo de janelas ferventes e a árvore da vida está congelada em um penhasco com espantalhos com olhos que sangram e corvos sem coração.

Eu esqueci a minha identidade.

Eu me forjei no mármore do inferno e dele retornei.

Eu esqueci quem sou e renasci da tristeza e loucura.

Não sei qual é a cura, eu desisti da espiritualidade.

A dor parece minha única dose de eternidade.

Tornei meus pensamentos, minha tortura constante, meu veneno latejante, simplório patrono das palavras quebradas.

Buscai a nova identidade, buscai a nova era, buscai o novo ciclo, acredita, maldita borboleta na lama do desespero, caracol no sol, mariposa na chama, tristeza na cama, desmanchada luz na parede, por todo canto, por toda casa, a ansiedade lhe devora, as horas lhe comem vivo, a sua cabeça parece que vai sucumbir ao silêncio da existência e estourar como uma panela de pressão e suas lágrimas alcançarão a estrela morta mais próxima e decadente sonho derretido no grito que estremece o mar próximo de seu portão.

Tudo que te destruiu, feriu, esfaqueou, destroçou, só vive agora dentro de você, só vive agora percorrendo pelo teu corpo, na mente, no sangue, no coração, pulsando como um veneno que corrói cada segundo de tua existência sem beleza e cor e lhe corrompe e lhe encurrala cada vez mais e só você pode escapar de você mesmo, está no meio da neve, da areia, do oceano, do escuro, no fogo, na chuva, no além, no vazio, dentro de teu grito insano, dentro de tua lágrima intensa, dentro de tua última risada ou tentativa de sobrevivência e justificativa sem vitimismos e tentar tocar a gratidão com seus dedos que ceifam sua liberdade e paz de espírito.

Fascículos fractais, páginas e sangue.

Desfragmento minhas tristezas, esfarelado o que dói,

Calor constante, picadas de formiga,

E as sete esferas da arte foram para a estrada do supremo.

O que será agora? O que será de você agora que todos seus pesadelos lhe perfuraram e você os atravessou diariamente?

Secretamente, buscar pílulas, uma injeção de esperança,

Injetar o embrião do milagre na crista do cérebro,

Vinho das almas, talvez, um sopro, um mergulho, cinzas.

Eis que sinto, eis que me espanto em sentir, o sino badala,

A beleza da vida me abraça em momentos motrizes das luzes.

Sentir o abraço da divindade da vida em plenitude de pureza

é uma representação do maior valor de nossa vida terrena.

“Amar o perdido deixa confundido, este coração. . .”

Tenho buscado lapsos quebrados de criatividade.

As coisas não tangíveis fogem ao dedo machucado,

As coisas findas na palma da mão, da terra, do mar,

Visto minha coroa de ossos e sigo adiante, a música derreteu,

A casca da transmutação, a chama, a porta do amanhã.

Marcos Mancini

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